13/08/2010
Navegadores solitários
Nos rostos anónimos
Escondem-se histórias
Procurando, talvez, a liberdade
Em vãos de escada, em ombreiras frias,
Vagando na incerteza da noite...
Inadaptados, refugiam-se no cair
Da penumbra que os chama...
Acham-se nas sombras, perdendo-se nos dias.
O calendário não importa...
As datas festivas talvez...
A solidão e o afastamento são seus próximos
A par do cão, que, à falta de amigos,
Se torna o fiel companheiro da solitária
Caminhada, o único elo de fraternidade
E carinho que os liga, ténuamente, ao mundo normal,
Ou assim julgamos que o é!
Ousaram contrariar todos os ditâmes,
Contrapuseram regras e leis na
Procura da sua verdade,
Da sua identidade ainda por encontrar,
Sonhando navegar na via láctea
Na cauda de um cometa
Por uma mão resgatadora de um
Mundo ausente, preconceituoso
E desequilibrado, habitado por
Seres que se acham normais
Só porque não necessitam da
Bondade da ínfima parte que vê,
Em cada rosto destes, um ser humano,
Feitos do mesmo material que
Todos os outros...
Normal?!?!?!? É hora de ir às compras...
A noite já vai comprida e ainda não está gelada...
Estende-se uma mão
Para acudir outras que, envergonhadamente,
Se levantam na busca de conforto,
Em forma de alimento...
É mais uma sopa...se puder, mais um pouco...
Depois...retiram-se confundindo-se com
As luzes da cidade adormecidas,
Voltando ao torpor e inércia
De um vazio que os move, apesar de tudo!
Ao relento vão ficando
Como os bancos vazios no jardim
Feitos de pedra dura e cinzenta.
Memória de uma ronda pela cidade do Porto, com a "Legião da Boa Vontade", a dar alimentos aos sem abrigo: 4 de Novembro de 2007.
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