Diz a lenda, de acordo com a tradição japonesa, que quem dormir com uma imagem do TAKARABUNE (Barco do Tesouro) debaixo da almofada, ou avistar um terá boa fortuna para sempre. Por isso desejo a todos o que visitarem este local, onde partilho o que me vai na alma, boa fortuna para sempre.

22/06/2010

Sonho Interrompido



Passeio pela avenida
Dos sonhos interrompidos
À procura do elo que se perdeu na vida
No meio dos trilhos desavindos

Sou ave errante
À fome e ao vento
À procura de alento
Qual cavaleiro andante!

Procuro aquele que me vai
Devolver a alegria de viver
Só ele para me tirar esta dor
Só ele para me fazer renascer
Só ele sabe pintar o meu mundo com cor

Sou a preto e branco
De um pigmento que com o tempo se esvai
Nesta longa espera
Sentada no banco...

Continuo na longa avenida
Dos sonhos interrompidos
Esperando reatar
O fio condutor
Do emaranhado complicado
De tempos idos...

Céu Cinza


Céu cinza, por vezes iluminado,
Qual quadro de algodão pintado.
Raios de sol fugidíos,
Sol escondido em dias tardios
Assim os dias se sucedem
A par das vidas que se tecem...
Palma de mão de fortes traços
Que se desvanecem
Numa manhã cinzenta e gelada,
Cortada pelo vento, de um só trago...
No horizonte, vislumbra-se um vulto...
É uma sombra, escura...
Parece agonizar...em luto...
Mas eís que se ergue! Procura...
Retoma o caminho, em pesados e lentos passos,
Vai caminhando, perdendo-se no espaço...

15/06/2010

Resiliência


Paciência por onde andas?
Procuro-te por toda a parte
E não consigo encontrar-te…
As minhas emoções atropelam-me
E não consigo por vezes controlar-me…
Sinto-me como o mar,
Gigantesco, belo mas com a fúria das ondas
Que a qualquer momento promete arrasar,
De uma só assentada o mais robusto rochedo,
Berço de ninhos de aves sem medo,
Que perenemente resiste ao rebentamento,
Das mais violentas tempestades,
Ignorando ventos cortantes,
Vendo as ondas na praia esmorecendo…
Sento-me na areia cheia de despojos,
Que o mar vomita na sua indisposição,
Cansada e desorientada, fecho os olhos…
Sei que tenho de escolher entre a felicidade e a razão,
Manejar as artes de encantamento e dissimulação…
Contudo, o meu feitio e temperamento são bravios,
Fruto do sangue que me corre nas veias,
Temerário, corajoso e sempre pronto a desafios,
Porém, arredio a impasses e indefinições
Não sabendo o que fazer perante imposições…
Sinto-me num emaranhado de teias…
Presa, sem liberdade de movimentos…
Sou um animal selvagem que não sabe estar preso,
Sou um espírito livre em tormentos
Correndo em busca de um lugar,
De um abrigo cálido e fresco,
Para poder viver, para poder respirar…

Destino


Destino…fado fatal…
É uma explicação tal
Impelida pelo desconhecimento
Dos factos verdadeiros.
É uma cegueira com contratempos
Que impede e esconde o verdadeiro conhecimento.
É o jogo do gato e do rato
Bem conhecido de todos os herdeiros,
Mas que permanece na penumbra,
Sob um véu velado, sob o perene acto
Que normalmente adormece na tumba
Para voltar camuflado
Numa nova ou velha alma deste mundo,
Mitigando-lhe a consciência,
Atrofiando-lhe a sapiência
Numa estranha ciência
Que desafia os cânones medicinais,
Tornando-o num apátrida imundo,
Rejeitado pelos semelhantes da espécie
Que agem com autoridade e razão
Ansiosos para esquecerem a sua própria confusão
Lançando mais água suja na hélice
Que atira para os olhos dos demais
Para que ninguém veja, para que ninguém saiba
Para esconder a vergonha e a raiva…
Teimam em dizer que é o destino…
Mas é mais a perda do tino
Consequência da teia emaranhada
Da vida mal amanhada
Que nos coube cumprir
Esperando nenhuma regra basilar infringir…

12/06/2010

O presente estampa o futuro



O comboio percorre o trilho
Percorre o teu caminho,
O teu destino.
Este é o momento da tua fuga,
Este é o descanso da tua luta.
No entanto, um breve descanso...
E eu ainda não te alcanço!
Olho parao céu enovoado
E o futuro com névoa é toldado.
Para quando  reencontro?
Qual o momento de união?
Sonho com o dia em que te encontro,
Vivo do desejo que tenho no coração...
Mas continuas distante,
Lá longe, na cidade branca...
Foges, regressas por um instante,
Tornas a ir e colocas no teu passado
Uma tranca...