Desengano

Fiz de ti rascunho

De um amor mal acabado

E passaste de texto a algo rasurado

Escrevo pelo meu punho

Estas parcas letras que te dedico

Porque mais não mereces

Pois com o teu pelo matei um cão e predigo

Que hoje, nas minhas mãos, pereces

Embrulhado na tua falsidade

Amortalhado na tua vaidade

Para todo o sempre te enterro

E hoje este capitulo encerro!

Denso Nevoeiro

Ó Neptuno, senhor do mar

O teu nevoeiro é tão denso

Que me obrigas a navegar devagar

Sem saber por onde vou nem o que penso

Tenho por certo a impaciência

Que sempre espreita

E o grito quero dar mas se silencia

A linha é ténue e estreita

Por entre a névoa soa uma canção

E os meus sentidos se apuram

Desejo que o vento corra de feição

E as vozes que cantam murmuram:

Meu amor sou tudo aqui...

E eís que que me desvio de uma afiada rocha

Mais uma...e continuo assim por ali

Como um flor que desabrocha

Sempre que o sol parece espreitar

E promete o nevoeiro dissipar...

Mas sempre oportuno

Surge o grande senhor, Neptuno

E o nevoeiro fecha-se

E diz que ainda não é chegada a hora

Que há que aguardar nova aurora

Conto até três

E me resigno outra vez...

Lua Azul

Hoje vi a lua azul

Não a mesma que te disse para contemplares

Há um ano atrás, olhando para sul...

Mas uma lua extremamente bela

Cheia de luz e outros ares

E pensei em ti...mas agora com amor...

Quero pintar este quadro de aguarela

Pegando nas lágrimas que verti e transformá-las em cor

Nunca antes vista e que ninguém pintou

Nem com a mestria de Miguel Ângelo

Pinto-te no centro do meu peito

Que as tramas da raiva fintou

E que tudo guardou com infinito zelo...

Pedi à lua azul para te levar um beijo meu

E que será só teu...