Mil luas chegaram e partiram
E súplicas implorei às estrelas lá no alto
No céu mais negro que alguma vez pintaram
Que me aniquilassem as angústias que me tomaram de assalto
Num dia que prometera uma tranquila manhã
A manhã tornou-se o mais nefasto e vil pesadelo
Jamais infligido pelo impuro titã
Que se ergueu sem igual nem paralelo
Prostrada, impotente...fingi que tudo era belo
E ergui muralhas para proteger o meu castelo
Intocável e seguro...assim permanecia
Até que um dia outro pesadelo aparecia
De soslaio, matreiro, espreitando o momento certeiro
A lua emudeceu, as estrelas pararam e o sol estacou
Neptuno rompia por entre o nevoeiro
Anunciando uma travessia dura, longa e penosa
No final, prometera um mar calmo e uma vista airosa
Clara e lúcida em que se via o fundo do mar e todos os seus
tesouros
Com a voz de um trovão assim se pronunciou
Mil perigos enfrentei nesta audaz travessia
Sempre acreditando em tempos vindouros
Novamente Neptuno ergueu-se no mar e proclamou
Que o fim da missão acabaria em breve
Ousei perguntar se o segredo teria que ser revelado
Num enorme clarão respondeu: -“Escreve!”
Antes de emergir de novo nas águas, referiu com voz mais paternal:
-“Escreve e manda-me pelo arauto no local onde acaba a terra...”
Hoje escrevo...escrevo o segredo colossal
Que acaba a guerra que se encerra
Para todo o sempre com o aval astral


