A dor veio de mansinho
Até que se instalou voraz e corrosiva
E nem o mar e o seu ar marinho
Lhe deram paz, alento e ânimo e carinho
E o seu corpo tremia tamanha a onda convulsiva
Que a acometeu perante o autismo a que fora votada
Todo o seu esforço para ir ao seu encontro ficou igual a nada...
As palavras...os gestos...as atitudes...as pequenas e simples surpresas
Abriu-lhe o coração, já de si mitigado, despiu-se revelando o seu ser e as suas fraquezas
Apenas recebeu em troca a distância...e depois chegou a incerteza
Com a promessa que um dia tudo se dissiparía, tudo seria diferente...
A mensagem que dele recebia sempre era eloquente
Mas a distância transformava-se em crueza
E nem as palavras de apelo que proferira
Tiveram o condão de o acordar,
De o arrancar do fundo do poço com que a traíra...
Eís que ela, exausta e carente, decide deixá-lo...
Triste e sem saber como tirar aquela dor que a tomara de abalo
Fechou as portas da pequena história que parecia de encantar
E rumou novamente para o seu caminho...
Onde segue as águas do seu rio
Esperando a sua alma lavar
De tão pesada ferida
De tanta dor sentida
