Diz a lenda, de acordo com a tradição japonesa, que quem dormir com uma imagem do TAKARABUNE (Barco do Tesouro) debaixo da almofada, ou avistar um terá boa fortuna para sempre. Por isso desejo a todos o que visitarem este local, onde partilho o que me vai na alma, boa fortuna para sempre.

29/03/2010

Vigilia

Amor meu que os olhos fechaste
Para o que te rodeia
Fechaste-te...
Encontras-te preso numa teia
Que te prende a um mundo
Triste, lúgubre e traiçoeiro
Que mundos e fundos te promete
Que te mostrou os primeiros dias de Janeiro
Para te arrastar para um eterno Inverno
Disfarçado de bela Primavera
Num dia de Verão quente e soeiro
Com a promessa de uma nova era...
Não percebes??? É tudo um embuste!
Acorda meu amor...por favor acorda...
Sou eu que te bato à porta...
Porque não me deixas entrar?
Porque dormes? Porque continuas de olhos fechados?
Não me ouves...estou de mãos e pés atados...
O teu silêncio arrasta-me para longe,
Pois a minha âncora corrompeu-se
À espera de te ver acordar,
À espera do amanhã prometedor
Que no horizonte perdeu-se,
Á procura de um abraço quente
Que me aperte e me faça sentir arrebatada
Por um sentimento que tudo ultrapassa...
Estou cansada...não te consigo mais chamar...
Se não acordares terei que deixar a tua porta
Já forçei a minha voz até sentir dor,
Só para te chamar...para te acordar...
Porém, continuas a dormir como se nada se passasse...
Queria que me olhasses...
Como se tivesses acabado de nascer
Para o pulsar da vida nas tuas veias sentires
Não deixes o por do sol esmorecer
Por favor acorda....

Guerra Inútil

Embarcamos num despique fatal,
Sem ter noção do princípio,
Sem qualquer data para terminar...
De parte ficaram os impíos,
E tudo agora passou a ser banal,
Apenas com memórias para contar...
Triste destino o nosso...
O amor transformou-se em desamor,
Em catadupas sucessivas de beliscões,
Que depressa passaram a profundas desilusões,
E preenchidas com uma profunda dor
Com cada um a dizer quero e posso.
Cada um escolheu as suas armas:
Um pegou em paus,
Outro pegou em espadas.
E foi um desferir de rudes golpes,
A torto e a direito,
Numa escalada sem procedentes,
E o imponderável ficou feito...
Deixou de haver "Nós",
Que se perdeu num monte de quimeras
Onde outrora houvera um sentimento nobre
Capaz de enfrentar todas as guerras.
Tudo se perdeu e o nosso mundo ficou mais pobre,
Sem cor e sem alegria...
Ficou a pesada derrota...
Que aniquila quem tudo controlar queria
Perdemos o exército de argumentos,
No meio de uma imensa tristeza e apatia
Cientes que tudo foi um desvario
E envergonhados, tapamos a cara!
Nem tu, nem eu ganhamos...
Perdemo-nos no meio de um rio,
Em águas tormentosas
Ao ponto de perdermos a esperança,
A esperança de quem tudo alcança...
Estamos prostrados...
Perante os despojos estropiados
Não resta nada a não ser avançarmos...
Avançarmos...sabendo que tudo foi em vão,
Sabendo que quando começamos,
Apenas queríamos, não a guerra, mas sim o amor...

Resgate

Coração destroçado o meu
Cheio de promessas do que iria ser
Arrasado pelo que nunca foi
Sonhos e projectos prometeu
Quando nunca pensou prometer
E apenas pensou controlar e ter
Para não mais sofrer...
Vã e estúpida ilusão a tua!
Sofreste, sofres e fazes sofrer
Numa espiral sem controlo
Que te tolda o juízo!
O meu jardim pisaste...
Sem querer e sem te importares
Alheio a ti, alheio a todos...
Sou a única que nunca te traiu
Sou a que ainda te ama
Mas que da tua vida saiu
Para à morte fugir
Para manter acesa a chama
Da vida que arde e clama!
Clamo por amor incondicional,
Sem que, no entanto, seja fatal
Clamo por respeito
Ao invés de despeito
Clamo por aceitação
Sem cair no erro da perfeição
Porque todos somos humanos
Sendo um erro querermos ser endeusados.

Novo Rumo

Digo adeus às lágrimas e ao sofrimento,
Sorrio a uma nova vida
Que me trouxe o vento de mudança
Por entre tormentas, trovões e relâmpagos.
Abraço as lições de vida
Agradeço o que aprendi com humildade.
Caminharei para uma nova fonte de luz
Renovada e renascida
Convicta que o verdadeiro amor
É quando nos sentimos felizes pelo outro estar feliz
Deixar partir, deixar ser.
Amor com sofrimento não é amor,
É apego...apego ao passado e ao que já deixou de ser.
Entrego ao vento as mágoas que ainda me restam
Para que sejam dissipadas e transmutadas em alegrias
Entrego ao mar profundo a tristeza que vivi
Para dar lugar a uma nova alegria genuína.
Quero viver, amar e amar, amar, amar
Porque acredito no amor,
Porque acredito no dar e receber com equílibrio.

Pedaços

As lágrimas não param...
Choro pelo tempo que tivemos,
Pelo que poderíamos ter tido
E nunca foi possível viver...
Choro por um sentimento que me extravasa a alma
E que se desmanchou no reino da ilusão
Caindo lá do alto
Partindo-se em mil pedaços...
Estou a juntar as peças partidas
Mas em todas elas vejo-te
E a tristeza regressa
Transformando os meus olhos
Num mar de lástimas e tristeza...
Mas é tempo de mudar,
É tempo de recomeçar do nada.
Para onde não sei...vou para onde o vento me leva
Pendurada na asa de uma gaivota
Cujo lamento me acompanha.
Continuo dependurada na asa
À espera de vislumbrar
Um lugar tranquilo, sereno e que me dê paz

O Barco do Tesouro





Sei que nada sou, mas sei para onde vou.
 O vento embala-me com doçura,
 por entre obstáculos e vida dura.
 Aqui cheguei num barco que me trouxe,
 num conluio que, por necessidades várias, houve.
 Num misto de inspiração e ousadia,
 tive que por a escrita e a alma em dia.
A contemplar o mar e sua imensidão intemporal,
 deparei-me com a verdade do ser colossal,
cheia de mistérios e ruas sem saída,
que se entrelaçam algures nesta longa via.
 Por entre sinais e, como por magia,
vou desatando nós e colocando as peças,
 outrora perdidas, refazendo, restaurando e desfazendo perfídias.
 Sinto a paz e a serenidade, juntas, a chegar...
Falta agora uma pequena e importante parte,
 sem a qual não é possível alcançar o bem e a suprema arte!...
A arte de bem viver!!